Além das inúmeras noticias referentes a falências de empresas que povoam os media nos últimos tempos, o que mais preocupação tem suscitado prende-se com os números relativos à taxa de desemprego.
O Vale do Sousa não está alheio aos dilemas da contemporaneidade e, assim sendo, apresenta uns assombrosos 14 mil desempregados, dos quais 1900 no nosso concelho.
Na região em que vivemos, amplamente dependentes da indústria do mobiliário, a solução para evitar a falência e consequente ampliação deste número, tem passado pelas apostas de várias empresas no comércio extra-europa, com Angola a liderar os principais destinos, num interessante volte-face das relações históricas que nos unem aos países africanos.
Apesar de desconhecer a disponibilidade governamental relativamente a alguma comparticipação nas despesas envolventes a estas emigrações, penso que, na maioria dos casos, os custos têm sido suportados apenas pelas empresas…
Freamunde também não ficou alheio aos novos tempos. Há uns anos assistimos ao fecho daquelas que seriam, porventura, as maiores escolas da indústria mobiliária: Calvário e “Fábrica Grande”, esta última, segundo aquilo que se diz, encerrada apesar da existência de trabalho, numa operação que deverá ter visado apenas a maior promessa do capitalismo: lucro a qualquer preço.
Apesar da nossa “paz” social, existem famílias que necessitam, diariamente, de apoio para a sua sustentabilidade. Na verdade, por baixo desta capa de normalidade em que assistimos à vida, decorrem autênticos dramas que necessitariam da fraternidade freamundense, que, não raras vezes, tendemos a elogiar.
Compreendendo a escassez de soluções referentes a estes problemas (problema extravasa as fronteiras do nosso concelho), penso que se deveriam promover medidas que fomentassem a responsabilidade social dos empresários. É incompreensível (e desculpem o meu ataque à ideologia americana), que se considere que o sucesso de uns se deva apenas à sua acção. Se uns têm muito será à custa de outros. É incompreensível o congelamento de salários e o despedimento sob o pretexto da diminuição da margem de lucro, por exemplo.
Há uns tempos, festejava-se o facto de sermos um dos concelhos mais jovens do país. Contudo, pergunte-se onde laboram os nossos jovens? Que aproveitamento fazemos dos licenciados do nosso concelho? Um jornal fazia, há anos, a comparação entre várias cidades portuguesas. Aconteceu compararem Freamunde e Figueira da Foz, em óbvio prejuízo da nossa cidade. Lembro-me que a percentagem de activos com formação superior era residual. Mas, na verdade, compensará ter uma licenciatura, um mestrado ou doutoramento e querer ter uma vida profissional nesta zona?!
Ou será que deve apresentar apenas o futebol como alternativa de futuro às nossas crianças?!
Porque não a criação de uma bolsa de emprego concelhia?
Porque não a criação de um site informativo sobre as necessidades das empresas?
Porque não a suspensão de algumas taxas de imposto sobre as empresas (como, por exemplo, a referente à publicidade no exterior das fábricas!)?
Porque não se canalizam mais fundos para a área do apoio social, em vez do apoio massivo a entidades desportivas?