Foto tirada de paroquiadefreamunde.com
Ainda não existe, mas já faz parte dos cartazes de publicidade à cidade. Afinal só agora a Junta descobriu que dá “gosto viver em Freamunde”. É apresentado como uma mais valia para a saúde dos freamundenses. Mas, de que se trata realmente? O que é, na verdade, um hospital de retaguarda?! Que benefícios para a nossa terra?
O hospital que nasce junto à Igreja é uma obra legada do falecido padre Meireles. Provavelmente muitos freamundenses nunca ouviram, até há pouco tempo, falar da sua existência. De facto, muitos de nós acreditavam que naquele espaço se desenvolvia um lar de idosos. As informações que davam apontavam nesse sentido. Mas, talvez por já existir uma outra unidade que prestava esse serviço, optou-se por um local onde as pessoas em convalescença pudessem recuperar. A ideia é boa, útil e merece todos os elogios…não fosse um senão: a obra, desenvolvida pela paróquia de Freamunde, ficará praticamente na dependência total da Segurança Social.
Percebe-se que assim seja, uma vez que ali trabalhará pessoal médico, o que invalida a possibilidade de uma paróquia efectuar a manutenção do espaço. No entanto, é preciso realçar que, não obstante o (muito) dinheiro ali empregue por outras entidades (como a fundação António Freire Gomes e até mesmo a Segurança Social), a obra foi feita à custa dos donativos dos freamundenses. E aqui residem alguns problemas.
O investimento feito situa aquela obra no lote das mais caras da vida freamundense. Foi adquirida, recuperada e preparada uma casa que apodreceu ao longo de décadas junto à igreja e que era povoada pelo espectro da toxicodependência. Representava um perigo para os freamundenses, para as muitas crianças que por ali podiam passar e, diga-se, estragava todo aquele espaço que deveria ser de paz e calma e não de actos hediondos como os que ali se viam. A decisão de recuperar aquele lugar não foi despropositada, sendo, aliás, de louvar quem teve a coragem de assumir tamanho desafio, perante a inoperância das várias juntas que tivemos e que conheciam os problemas que aquela casa suscitava e a que nunca tiveram coragem de se opor. A verdade é que além de parques e micro-piscinas ou picardias com outros adversários políticos, nada mais podemos esperar do poder local. Se não fosse a Igreja, Freamunde não teria, hoje, nenhuma obra de cariz social, de apoio aos desfavorecidos (leia-se: apoio aos que não são amigos/familiares de alguém que lidere a Junta).
O hospital tem cerca de 15 camas. Quinze! Uma obra enorme, com um investimento que endividou a paróquia, para ter apenas 15 camas. Como entender?!
Como está dependente da segurança social, Freamunde perde privilégio sobre aquele espaço. Tanto podem ali estar 15 freamundenses como 15 pacenses. O hospital, fruto de forte investimento dos paroquianos, pertence a todos e não apenas a nós. Pode não parecer existir aqui qualquer tipo de problema, mas se perguntarmos àqueles que contribuíram com o seu dinheiro pensando que ali nasceria um lar de acamados ou um lar de idosos, verão que “o caso muda de figura”. Será que os freamundenses contribuiriam de igual maneira se lhes dissessem que o seu dinheiro podia não lhes trazer beneficio algum?! Se lhes dissessem que era para um hospital, com 15 camas, destinado a todo e qualquer cidadão que até pode nunca ter ouvido falar de Freamunde, será que alguém contribuiria? Que lugar ocupa uma obra desta envergadura e com este cariz no espaço de uma paróquia, de uma Igreja?! Não questionando o valor da obra, será que não haveria uma melhor solução, que servisse mais directamente os interesses da paróquia?
A obra está praticamente concluída. Funciona aí, há já algum tempo, a sede da Fundação António Freire Gomes. Não deve tardar a entrar em funcionamento, com toda a pompa e circunstância, com os presidentes da Junta e da Câmara a discursarem sobre a importância e necessidade da obra e a vincarem que sempre a acompanharam e apoiaram. Já vemos cartazes com referência à obra (não será de estranhar que em tempos de campanha eleitoral se use este argumento para conquistar mais uns votos).
Enquanto isso, resta ao freamundense o contentamento e o orgulho de ter um hospital. A alegria de viver numa terra em que dá gosto morar. Uma terra que faz de um parque de lazer a sua bandeira. Uma terra que tem como lema Cultura, Trabalho e Paz, mesmo que nada parece confirmar a Cultura, mesmo que o desemprego esteja a disparar em flecha, mesmo que as “fábricas grandes” que temos (tínhamos) estejam todas a fechar, mesmo que não exista uma loja decente para fazer umas compras mínimas, mesmo que os políticos troquem insultos gratuitos que em nada favorecem a freguesia e usem o nosso dinheiro para isso, mesmo que se tenha um centro sem condições de segurança, mesmo que tenhamos um posto de correios minúsculo, mesmo que se destrua o campo de futebol em que o SC Freamunde se fez para construir um bairro com dois prédios horrorosos, mesmo que impere a lógica do construir para destruir, mesmo que se apele ao orgulho de morar numa terra com mística quando não se faz nada para a promover, mesmo que aqui só triunfe quem for filho de…
Hoje temos de ter orgulho. Gastamos uma fortuna. Adquirimos o nosso próprio hospital, mesmo que, na verdade, não seja nosso. Certamente que ninguém quer ser residente naquele hoospital, mas mesmo que queira ou mesmo a que a isso seja obrigado, o mais certo é que fique num corredor qualquer de um hospital perdido algures, sem condições, à espera da morte. Nessa hora, o enfermo pensará: "Que bom, tenho um óptimo hospital na minha terra para pessoas como eu!" E nesse instante, morrerá feliz...
Dá gosto viver em Freamunde?! Dá.
Porque?!
Só os que cá nasceram e foram criados o entendem.
Podia ser melhor?
Sem dúvida
Viva Freamunde
É, sem dúvida, uma obra que nos deve orgulhar, pela imponência, pela beleza, pela utilidade e, sobrebretudo, por ter sido adquirida e realizada "às nossas custas" (pelo menos grande parte dela).
No entanto fiquei surpreendido pelo número reduzido de camas num edifício de tão grande envergadura e o fim que lhe vai ser dado. É extremamente necessária a criação de hospitais deste género, e é natural que as entidades locais não tenham como suportar a manutenção de tal infraestrutura, mas poderiam pelo menos tentar salvaguardar o interesse dos freamundenses no caso de necessitarem daqueles serviços, pois sem a contribuição de todos Nós não haveria hospital.
Mais uma vez se vê que os autarcas estão-se borrifando para o povinho, gerem as NOSSAS obras a seu bel-prazer, para termos orgulho em mostrar, mas sem usufruir.
Cabe ao povo de Freamunde revoltar-se e fazer valer os seus direitos, porque também temos direitos, não temos só o dever de contribuir.
Uma questão para o macshade:
O nick está de alguma forma relacionado com o pseudónimo do escritor Dinis Machado?
Está directamente relacionado caro Hugo, pedi-lho "emprestado" uma vez que temos o mesmo apelido.
Caros Freamundenses!
É com grande tristeza que vemos mais uma vez os nosso políticos aproveitarem o trabalho dos outros.
Ao que parece, desta vez fizeram sua uma obra que saiu do suor da paróquia.
Qualquer dia tomam de assalto o site da paroquia e mudam-lhe o nome para JFF.
Quanto ao hospital é necessario, mas apenas pecou a falta de dialogo sobre a funcionalidade do Hospital...
acho que este assunto devia de ser esclarecido para todos..ainda esta muito por explicar..