Apesar de algumas imprecisões, fica aqui o que foi escrito no Diário de Notícias de 14 de Dezembro de 2006, a propósito da nossa e magnifica Feira dos Capões ou Feira de Santa Luzia:
''A Feira do Capão de Freamunde, um acontecimento quase obrigatório para os apreciadores da gastronomia natalícia no Norte do País, decorreu ontem nesta vila do Vale do Sousa, onde acorrem milhares de pessoas em busca de um galo castrado de carne tenra.
A Feira do Capão (ou Feira de Santa Luzia) de 2006 realizou-se numa altura em que a organização dá os primeiros passos para a certificação do produto, que terá, no futuro, indicação geográfica protegida (IGP).
"Este processo confere não apenas qualidade à criação do animal mas também segurança aos consumidores, uma vez que o "capão de Freamunde", criado numa vasta área desta região do Vale do Sousa, obrigará, no futuro próximo, a que as explorações criadoras sejam devidamente homologadas pela entidade certificadora" , refere a organização, citada pela agência Lusa.
Além da identificação do animal, junto do produtor, na altura da castração, a Associação de Criadores de Capão de Freamunde assume, por sua vez, "o compromisso de manter os registos de rastreabilidade dos efectivos actualizados".
A feira culmina uma semana divulgadora do capão, iniciativa em que participaram sete restaurantes locais e incluiu ainda o concurso de "O Melhor Capão Vivo".
Mais peso e sabor
O capão é um galo castrado entre os três e os quatro meses. Essa operação, realizada tradicionalmente por criadoras experientes, provoca um crescimento até três vezes superior ao dos galos "normais".
"Além de maior peso, que poderá ultrapassar os sete quilogramas, os animais têm uma carne mais clara, mais tenra e de sabor diferente", explica uma das criadoras.
Segundo os especialistas, os capões deverão ser vendidos com cerca de oito meses, altura em que atingem também um preço mais consentâneo com as necessidades dos produtores - cerca de 50 euros.
Os organizadores sublinham que a Feira do Capão provoca um aumento considerável no consumo deste produto alimentar por altura do Natal, mas a procura durante o resto do ano continua a ser pouco significativa.
Tradição desde os romanos
A castração dos galos remonta ao tempo dos romanos. Explica a organização da Feira do Capão que uma das razões apontadas para este acto foi a publicação em 162 a.C. de uma lei que proibia o consumo de carne de galinha, com o intuito de economizar cereais em grão.
Contudo, os criadores de aves, com muita imaginação, descobriram que, castrando os frangos, eles rapidamente duplicavam de peso, diminuindo, assim, o consumo de cereais.
Outra das razões sugeridas, um misto de lenda e história, leva-nos ao cônsul romano Caio Cânio, que, tendo insónias por causa do cantar madrugador dos galos, fez aprovar no Senado romano uma lei que proibia a criação de aves.
Os apreciadores da carne branca conseguiram, sem infringir a lei, manter a existência dos bichos, capando-os, o que os tornava mais calmos. Além disso, deixavam de perturbar o sono dos residentes com o seu cantar madrugador.
A castração, por outro lado, se dava ao animal um ar "envergonhado", também o tornava mais "opulento", com a carne tenra e muito saborosa... ''
in Diario de Noticias, 14 de Dezembro de 2006
Vivam os Capões,
Viva a Santa Luzia,
Viva o Natal
Enviar um comentário