Ainda mal comecei a escrever e já me assaltam as dúvidas. Quero falar do nosso parque...e não sei como me referir a ele. Parque de Lazer?! Parque da Cidade?! Parque da Construção Cívil?! Parque da Terceira Idade?! Parque do Complexo de Pesca?!
Não é fácil escolher. Talvez tenha de funcionar comigo como acontece com aqueles que, por qualquer motivo, tenham de mencionar o parque e optam pela designação que mais lhe impacto e furor faça.. mas eu prefiro tratar aquele espaço "verde e agradável" por Parque.
O Parque nasceu, na sua precocidade, há uns poucos anos atrás, por altura da construção do Lar de idosos onde, caricatamente, se desenvolveu, com mistério, a Santa Casa da Misericórdia de Freamunde (apesar de ainda não terem percebido o que misericórdia significa). Este nascimento teve, logo à partida, complicações, porque, enfim, em vez de começarem a obra pelos alicerçes, começaram pelo telhado. assim, em vez de se ter começado pela implantação de luz, pela pavimentação da estrada e pelas mais elementares obras de segurança, começou-se pelo que causaría mais dano aos olhos dos incautos freamundenses. E, deste modo, o parque ficou verdejante e com um rio num ápice, ficando a "nossa" Sta. Casa com um maravilhoso jardim nas traseiras.
E apetece dizer, como Nietzsche a propósito de Zaratustra: Assim começou o declíneo... do Parque.
Com um pomposo rio construído (elogie-se o intelecto superior freamundense), chegaram de imediato (rápido demais até) as ideias de aí haver concursos de pesca. diga-se até que a ideia não é má. O problema começou quando começaram a surgir umas certas e determinadas fitas (qual PSP) a separarem o vulgar freamundense que aprecia o seu passeio do local onde se processavam tão excitantes e impertubáveis espectáculos de caça ao peixe. Bem vistas as coisas até se percebe o motivo da separação. Realmente creio que ninguém quererá ser atingido por um dos fenomenalmente gigantes canelões de pesca usados! Mas, de facto, o nosso rio é comparável ao Mississipi!!! Coitados dos peixes e dos patos e dos morcões...resta saber é quais.
Mas o declíneo não fica por aqui.
Finalmente alguém chegou à conclusão que um Parque para ser de lazer precisava não só de proporcionar o descanso, mas também a diversão. E lá se lembraram, com custa, da necessidade de implantar um espaço onde os mais pequenos pudessem fazer algo além de tentarem cair ao rio. E felizmente escolheram a altura certa! nota-se o olhar excitado das crianças com a perspectiva de terem baloiços prontos a tempo do calor e sol INVERNAIS!!!
Pelas minhas observações o parque já faculta(ou facultará a breve prazo) entretenimento das faixas etárias dos 3 aos 11 anos e dos 45 aos 99.É claro que o 8º concelho mais jovem de Portugal esquece todos aqueles que têm altura a mais para andar de escorrega e dor de costas a menos para se entregar aos sonos nos (poucos)bancos. Assim, resta a todos esses continuar a destruir árvores a jogar à bola com a esperança de, um dia, alguém se lembrar da necessidade de colocar no Parque um campo de futebol. Até Casais tem um parque com campo de futebol e a população mal chega para um jogo de 11 contra 11!!!
Mas realmente é melhor não ter nada para os jovens na cidade e continuar com o medo que eles se entreguem à droga ou a outras delinquências capazes de figurar nas entrelinhas das crónicas políticas opacas de um certo "jornal".
Mas nem tudo é mau. podiamos estar bem pior. Podiamos nem sequer ter um Parque.
Podiamos até estar calados e contentarmo-nos com a pobreza do que temos. Podiamos ser como Nietzsche e fugir para as montanhas...pelo menos lá podiamos jogar à bola sem medo de estar a perturbar o sono de alguém, sem medo de bater na extremidade de uma "cana-que-pesca-na-terra".
Mas nós achamos que merecemos melhor. Seremos só uma cidade para podermos pagar mais impostos? Seremos só cidade para que o nosso PJ usufrua de um ordenado mais chorudo?
Por Freamunde achamos merecer mais e por Freamunde nunca nos calaremos.
Por isso
Viva Freamunde